Neste momento assiste-se a uma inevitabilidade.
No geral, há pouco trabalho para demasiados trabalhadores. E isto, em qualquer área profissional, e em qualquer panorama económico do país, reflete-se inevitávelmente em más condições de trabalho para os profissionais que teimam em não mudar de sector de actividade.
Mesmo os gabinetes que têm trabalho, e que vivem da arquitectura, aderem confortavelmente ao discurso: “gostamos muito do seu trabalho mas não podemos pagar mais, o mercado não está fácil, os clientes não nos pagam, não se sabe o dia de amanhã…”
Um dos principais problemas da nossa classe profissional parece não preocupar demasiado a Ordem. Nos últimos tempos os principais focos de atenção da OA têm sido direccionados para organizar conferências e para avaliar os licenciados (que já passaram cinco anos, e nalguns casos seis, a serem avaliados…). Se a qualidade dos licenciados fosse um problema, e se de facto o objectivo fosse ter melhores profissionais, não deveriam antes ser tomadas medidas a montante, durante os 5 ou 6 anos que estes passam nas faculdades?
Parece-me que para existirem alterações de fundo, teremos que esperar pela actuação de um Governo. Quer na vertente do mercado de trabalho quer na vertente da educação.
Parece-me que no mercado de trabalho deveria haver mais fiscalização na contabilidade das empresas.
Não devem ser poucos os casos de profissionais que passam recibos verdes, por honorários, durante mais do que um ano, sempre no fim do mês, com mais ou menos a mesma importância... Talvez começando pelas empresas que mais profissionais têm nestas condições se consiga dar resposta a um maior número de pessoas em regime precário e se consiga sensibilizar um maior número de empresas do sector...
Não devem ser poucos os casos de profissionais que passam recibos verdes, por honorários, durante mais do que um ano, sempre no fim do mês, com mais ou menos a mesma importância... Talvez começando pelas empresas que mais profissionais têm nestas condições se consiga dar resposta a um maior número de pessoas em regime precário e se consiga sensibilizar um maior número de empresas do sector...
Não deverá o estado determinar um número máximo de estudantes por área profissional, adequando esse número às necessidades do país?
Um licenciado que investiu cinco ou mais anos a preparar-se para ser um profissional competente numa determinada área, vai com certeza fazer todos os possíveis por trabalhar nessa área.
A questão, parece-me a mim, terá de ser inevitavelmente resolvida, mais uma vez, a montante. Estabelecer, por muito que desagrade a alguns, um número máximo de vagas de alunos por áreas profissionais. Uma vez que existem excesso de licenciados numas áreas (não só na arquitectura) e um grande défice noutras.
Num exemplo inverso, a média de entrada, exageradamente alta, para um curso de medicina não está relacionada com excesso de profissionais no terreno, mas com um défice de vagas nas faculdades… Faz sentido?
Essencialmente, parece-me o seguinte: é muito positivo a facilidade crescente com que podemos trabalhar além fronteiras; pode vir a ser positivo a revogação do Decreto 73/73; seria muito positivo uma maior fiscalização dos recibos verdes e reequilibrar os número de vagas nas faculdades por área profisional; e é muito negativo que a OA não só não se interesse por este problema da classe, de uma forma proporcional à sua gravidade, como ainda praxe os recém-licenciados com pagamentos para estágios e acções de formação obrigatórios.
Acho que é muito saudável, e também inevitável, face ao panorama que se montou, que surja esta iniciativa da Exige-arq, como outras têm aparecido, para proporcionar uma melhor defesa dos jovens arquitectos no mercado de trabalho onde estão inseridos, e até, nalguns casos, defende-los da sua própria ordem profissional...
Felicidades para a plataforma!